Sentada à mesa da sala, a apreciar o sol da manhã, com a voz de Sade no background, revejo as últimas fotografias analógicas que recebi do laboratório. Um rolo a preto e branco que me deixou nostálgica. Sempre que fotografo em analógico, penso muito mais na fotografia que quero fazer, nos enquadramentos, na luz. Nos rolos a preto e branco, sinto que esse cuidado torna-se ainda mais minucioso.

Parei numa fotografia em concreto. Um café na praia, com falésias ao fundo. Espreguiçadeiras de madeira e chapéus de palha espalhados pelo areal, quatro palmeiras a marcar a separação entre a areia e a zona do café, e o brilho quente das grinaldas de luzes a dar um charme especial ao espaço. No canto, um casal abraçado numa toalha de praia, a admirar o mar.

E então pensei em locations: se fosse eu a noiva, que lugar escolheria para o meu dia? Sendo da equipa de vídeo e fotografia, o que gostaria que aparecesse no fundo das minhas imagens? E sabendo que tantas pessoas sonham com casamentos na praia, em jardins, em lugares que fogem das típicas quintas já preparadas para este dia, pus-me a refletir sobre o que pesa mais na balança.

Budget? Sim, casamentos em lugares menos convencionais podem ser mais desafiantes. São espaços que não estão prontos para receber eventos e, muitas vezes, precisam de encerrar para nos receber. Exigem menus adaptados, logística mais complexa, um chef disponível no horário certo…. Etc, etc, etc… Mas será que não há formas de contornar isso? E aqui sublinho - não sou wedding planner - mas falo da minha experiência profissional nesta área: há sempre formas de equilibrar os pratos da balança.

Se aquele lugar que amas é essencial para o teu dia, talvez convidar menos pessoas seja a solução.

O que pesa mais para ti? O local dos teus sonhos ou a quantidade de convidados? E se esse sítio não serve refeições, mas aceita catering de fora? Há ajustes que podes fazer para encaixar tudo no budget?

E se do espaço te disserem que não é possível?

Então procura.
Explora.

Faz uma lista de lugares semelhantes. Antes de marcares a data, descobre todas as possibilidades para tornar o teu sonho real. Tem mesmo de ser aquele lugar, naquela cidade, naquele momento? Ou há margem para ires mais longe e encontrares o cenário perfeito para o dia que não volta a acontecer?

E então imagino. Imagino-me a descalçar, de vestido de noiva, e a sentir a água do mar nos pés ao fim da cerimónia simbólica. Imagino-me a terminar a sessão fotográfica à beira-mar, de coração cheio, abraçada ao meu (agora) marido, a cabeça encostada ao ombro dele, enquanto By Your Side toca ao fundo, vinda do café. Imagino o beijo que sela aquele momento e a caminhada de mãos dadas de volta ao deck, onde as 10 ou 20 pessoas mais importantes da nossa vida nos esperam, sentadas à mesma mesa, prontas para brindar connosco e partilhar uma refeição que nunca será só um jantar, mas uma memória eterna.

Será preciso mais do que isto? O dia é teu. Tu escolhes o que faz sentido para ti.

É por isso que amo intimate e destination weddings. Porque são minimalistas, de uma intensidade perfeita, porque colocam o foco no que realmente importa: as pessoas, os momentos, os detalhes que fazem a “bigger picture” – e não o contrário.

Deixo-vos algumas fotografias desta location que me serviu de inspiração para este post.